Inflação de Férias: um enfoque no valor das passagens aéreas
Li hoje um reportagem que tratava de inflação de férias e que trazia o seu enfoque nos preços das passagens aéreas no período. É engraçado a forma como se lê números e a mensagem que essa leitura pode trazer para o leitor. A reportagem tem no seu subtítulo um dado que chama muito a minha atenção e que traz algumas coisas para serem discutidas e que passo a explorar a partir de agora.
O subtítulo da reportagem é: "Os bilhetes baixaram mais de 20% entre 2022 e 2023 depois de uma disparada de quase 150% de 2021 para 2022". Engraçado que o percentual de 20% vem em primeiro lugar e, num sociedade movida pelo consumo, traz uma mensagem subliminar de "vamos viajar de avião, pois ficou mais barato", Observem que o percentual de 150% de aumento, em período anterior, vem depois e, meio que, não entrega muita coisa para quem lê, pois o cérebro do indivíduo está voltado para o desconto de 20%.
Quando olhamos para números trazidos pelo IBGE, em pesquisa realizada, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) - Turismo 2020-2021, os números trazem que em 2020, 13,9% dos brasileiros viajaram, enquanto que em 2021 esse número caiu para 12,7%, tudo muito culpa da emergência sanitária da Covid-19. Quando olhamos para o ano de 2019, observamos que 21,8% do brasileiros utilizaram o avião em suas viagens, dessa forma comparando 2021 e 2019, temos uma queda de cerca de 41% no nível de viagens utilizando esse modal.
É bem verdade que o preço do querosene de aviação teve um aumento significativo no período em discussão e de mesma forma, apesar de ter tido o seu preço reduzido, os percentuais não alcançaram os valores anteriores. Ou seja, mesmo baixando de preço, os preços, os valores não voltaram aqueles antes do início dos aumentos em percentuais exagerados, devidos a tudo que passou o mundo no período em questão.
No meio disso tudo, observo que o setor de aviação comercial, que não é bobo nem nada, tem o poder de se autorregular, inclusive aumentando valores de passagens a níveis possíveis de serem pagas por um grupo reduzido, mas que é capaz de suprir os seus custos de operação e trazer o lucro de que necessitam, ou simplesmente decidem que vão alcançar.
Aos meus olhos isso fica bem claro quando observamos os percentuais trazidos inicialmente, e ai vamos fazer umas contas, que talvez não reflitam de maneira fidedigna a realidade do setor, mas podem explicar o quanto as coisas podem ficar bem caras para aqueles que necessitam usar determinados serviços e que por limitação orçamentária terminam por não usar, ou que terminam por se endividar, e até mesmo se tornar inadimplentes, por ter aquilo como única alternativa naquele momento da necessidade.
Vamos ao exemplo numérico, se uma passagem de avião custava R$ 1.000,00 em 2019, no final de 2022 ela estaria custando R$ 2.500,00. A informação trazida na reportagem dá conta de que houve uma redução de 20% no valor da passagens, então a passagem que custava R$2.500,00 teve uma redução para cerca de R$ 2.100,00 reais. Quando observamos a inflação do período temos que ela girou em trono de 23% (números da calculadora do Banco Central). Ou seja, o que poderia custar em torno de R$ 1.230,00, custa ao consumidor R$ 2.100,00. Uma diferença gritante de cerca de 41%, ou seja, um percentual bem parecido com aquele que trouxemos anteriormente e que tratava da redução do número de passageiros. Ou seja, olhando os números, temos a confirmação do que eu trouxe como análise, eu reduzo os número de passageiros e mantenho o meu negócio sustentável.
Não estou aqui querendo ditar regras de preços cobrados por companhias aéreas na prestação de seus serviços, apenas querendo chamar a atenção dos consumidores que nem sempre as coisas são realmente como parecem e que notícias sobre redução de valores de determinados serviços ou produtos não necessariamente significam que os valores não estão além do que poderiam estar e como o nosso enfoque sempre será no sentido de trazer alertas para que não hajam ilusões para quem consome, fica o alerta sobre artigos e reportagens que entregam informações sobre redução de preços. Nem sempre a real informação está descrita ali e as mensagens para despertar gatilhos em seu cérebro estão presentes na mídia e são muito bem instruídas pelo marketing, que tem apenas um único intuito, vender, gerando lucro, e a qualquer custo.
Então fiquem espertos! As férias do mês de julho estão aí, acontecendo em muitos lugares do Brasil e se vai viajar, sempre muito cuidado com o endividamento, se a ideia for não fugir da dívida que pelo menos que ela seja algo que foi planejado. Vamos cuidar da nossa saúde financeira e de quebra manter a nossa saúde mental.
Mestre Ricardo São Pedro, excelente colocação em seus dados. Olhando um pouco para o lado comercial mas deixando claro que não sou à favor do estilo praticado pelas Empresas do Geral aqui no Brasil em se tratando em politica de preços.
Como estamos falando de um País com inflação, taxa de juros e impostos altos, fica muito difícil qualquer Empresa sobreviver.
O Brasil poderia ter uma ticket de passagem absurdamente baixa para explorar o turismo interno, mas fazem igual com o carro popular que não dá lucro para as montadoras. Vendo caro e menos e tenho lucro do que vender muito com baixa rentabilidade e custo maior.
Infelizmente a nossa politica de comércio é diferente de muitos Países, afinal precisamos…