Copom eleva a Selic para 11,75%: Os principais motivos para a decisão
Atualizado: 29 de set.
Por Ricardo São Pedro
Em sua 265ª reunião, realizada nos dias 17 e 18 de setembro de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, de 11,50% para 11,75% ao ano. Esta decisão, tomada de forma unânime, reflete uma série de fatores econômicos que aumentaram a pressão inflacionária no país. Neste artigo, vamos explorar os principais pontos que levaram o Copom a adotar uma postura mais contracionista.
O que acarretou o aumento da Selic
Dinamismo Econômico Acima do Esperado
Um dos fatores mais relevantes foi o desempenho surpreendente da economia brasileira. O mercado de trabalho e a atividade econômica apresentaram maior dinamismo do que o previsto. Este crescimento acelerado fez com que o hiato do produto, que mede a diferença entre o que a economia está produzindo e seu potencial, fosse revisado para o campo positivo. Ou seja, a economia está operando acima de sua capacidade, o que aumenta as pressões sobre os preços e, consequentemente, a inflação.
Esse aquecimento econômico, combinado com o aumento do consumo e uma política fiscal expansionista, tem sustentado a demanda agregada e dificultado o processo de desinflação.
Inflação e Expectativas Desancoradas
Outro ponto central para o aumento da Selic foi o comportamento da inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e os núcleos de inflação (medidas que excluem itens mais voláteis) continuam acima da meta de 3%. Além disso, o processo de desinflação, observado em períodos anteriores, foi interrompido recentemente. O Copom também destacou o aumento dos preços de bens industriais, alimentos e serviços, o que torna ainda mais difícil a convergência da inflação para o centro da meta.
As expectativas do mercado, apuradas na pesquisa Focus, indicam que a inflação para 2024 está em torno de 4,4% e, para 2025, em 4,0%, acima da meta definida. Isso reflete um cenário em que as expectativas de inflação estão desancoradas, o que aumenta o risco de uma escalada inflacionária.
Cenário Externo Desafiador
O cenário internacional também foi considerado pelo Copom. As principais economias globais, especialmente os Estados Unidos e a China, enfrentam momentos de incerteza. Nos EUA, o ritmo da desaceleração econômica e da desinflação não está claro, enquanto a China lida com uma economia em desaceleração e variações nos preços de commodities. Esse ambiente global incerto gera volatilidade nos mercados financeiros e afeta as políticas monetárias de países emergentes como o Brasil.
Crédito e Consumo Elevados
No cenário doméstico, o Copom ressaltou o vigor do mercado de crédito. A oferta de crédito às famílias continua robusta, com taxas de juros mais baixas e maior apetite ao risco por parte das instituições financeiras. Isso tem impulsionado o consumo e, consequentemente, a demanda, alimentando as pressões inflacionárias.
Volatilidade Cambial
A volatilidade do câmbio também contribuiu para a decisão de aumento da Selic. O real sofreu flutuações recentes, e o Copom destacou que, embora não exista uma relação mecânica entre a taxa de câmbio e a política monetária, o impacto de uma moeda mais fraca nos preços internos é um fator que exige cautela.
Diante desse contexto, o Copom decidiu aumentar a Selic em 0,25 ponto percentual, para 11,75% ao ano. A medida visa controlar a inflação, ancorar as expectativas inflacionárias e garantir a estabilidade econômica do país. O Comitê deixou claro que continuará monitorando de perto a evolução da economia e que futuras decisões dependerão do comportamento dos preços, da atividade econômica e dos riscos inflacionários.
A elevação da Selic impacta diretamente o custo do crédito, encarecendo empréstimos e financiamentos, mas é uma ação necessária para manter a inflação sob controle e assegurar o equilíbrio da economia a longo prazo.
Quer saber como as mudanças na Selic podem impactar seus investimentos e o custo do crédito? Acompanhe as atualizações econômicas em nosso blog e fique por dentro das próximas decisões do Copom!
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